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eu cativo do tempo, carcereiro imaginário
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e passa o carcereiro tempo, pra cá e pra lá...
passa o tempo a vigiar o tempo
caminha surdo e lento pela sombra do corredor
- cativeiro do tempo e meu -
cheiro de mofo, paredes infiltradas, reboco descascado
teto caótico de fios e fendas e manchas e trincas
lascas da pintura antiga na eminência de despencar
sobre o chão maltratado e sujo, imundo e fluido
luzes mortiças, bulbos pretos de inseto, luminárias decadentes
arandelas indecentes, azinhavre e ferrugem, luz mortiça
corredor impossível, imenso claustrofóbico
reto, labiríntico, anguloso, vermicular
(absurdo sem-fim, Escher)
aqui, cativos do tempo, eu e o tempo...
...
mas virá outro tempo
(que agora nunca chega...)
libertará do cativeiro este tempo
e a mim da consciência de prisioneiro
(que jamais deixarei de ser...)
sim, liberto
com ele?... dele?...
liberto como a ave que cantará lá da gaiola nas primeiras luzes do dia redentor?...
- precursor de outra noite, a próxima?...
(mas e esse tempo que nunca chega agora... eterno agora)
...
ah, conforto morno úmido da prisão imunda
que eu quererei quando liberto pelo tempo
ansioso pelo tempo, o próximo...
...
...e o tempo carcereiro passa imaginário (eterno agora) pra lá e pra cá...
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(imagem)
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