quinta-feira, 29 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Crônica e Ovo

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Mas por que datar um poema? Os poetas que põem datas nos seus poemas
me lembram essas galinhas que carimbam os ovos...

(Quintana, Poema)

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Já me perguntaram se a diferença entre um conto e uma crônica é o tamanho, ou a complexidade, ou mesmo se a crônica não seria apenas um conto engraçado. A etiologia do termo o associa ao tempo (latim chronus), o que sugere um relato em ordem temporal, cuja narrativa se desenvolve segundo a ordem que a história se sucede no tempo. Tio Toninho, com propriedade, define assim o verbete:

6. Rubrica: literatura. Texto literário breve, em geral narrativo, de trama quase sempre pouco definida e motivos, na maior parte, extraídos do cotidiano imediato.
7. Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: literatura. Prosa ficcional, relato com personagens e circunstâncias alentadas, evoluindo com o tempo.
(Dicionário eletrônico Houaiss)

Entretanto, há definições (ou indefinições) mais saborosas. Esta que reproduzo a seguir, nascida da pena irônica e criativa de Luis Fernando Veríssimo, usa o dielma do ovo e da galinha para esclarecer definitivamente (..?) a questão. Saboreiem.

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Crônica e Ovo

A discussão sobre o que é, exatamente, crônica, é quase tão antiga quanto aquela sobre a genealogia da galinha. Se um texto é crônica, conto ou outra coisa interessa aos estudiosos de literatura, assim como se o que nasceu primeiro foi o ovo ou a galinha, interessa aos zoólogos, geneticistas, historiadores e (suponho) o galo, mas não deve preocupar nem o produtor nem o consumidor. Nem a mim nem a você.

Eu me coloco na posição da galinha. Sem piadas, por favor. Duvido que a galinha tenha uma teoria sobre o ovo, ou, na hora de botá-lo, qualquer tipo de hesitação filosófica. Se tivesse, provavelmente não botaria o ovo. É da sua natureza botar ovos, ela jamais se pergunta "Meu Deus, o que eu estou fazendo?" Da mesma forma o escritor diante do papel em branco (ou, hoje em dia, da tela limpa do computador) não pode ficar se policiando para só "botar textos que se enquadrem em alguma definição técnica de "crônica”.

Há uma diferença entre o cronista e a galinha, além das óbvias (a galinha é menor e mais nervosa). Por uma questão funcional, o ovo tem sempre o mesmo formato, coincidentemente oval. O cronista também precisa respeitar certas convenções e limites, mas está livre para produzir seus ovos em qualquer formato. Nesta coleção, existem textos que são contos, outros que são paródias, outros que são puros exercícios de estilo ou simples anedotas e até alguns que se submetem ao conceito acadêmico de crônica. Ao contrário da galinha, podemos decidir se o ovo do dia será listado, fosforescente ou quadrado.

Você, que é o consumidor do ovo e do texto, só tem que saboreá-lo e decidir se é bom ou ruim, não se é crônica ou não é. Os textos estão na mesa: fritos, estrelados, quentes, mexidos... Você só precisa de um bom apetite.

Luis Fernando Veríssimo

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(Prefácio de O nariz e outras crônicas, Para gostar de ler, volume 14)
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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Religião

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Religião é aquilo que impede os pobres de matar os ricos.
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Os teólogos dizem: isso são mistérios insondáveis. Ao que respondemos: são absurdidades imaginadas por vós próprios. Começais por inventar o absurdo, depois fazei-nos dele a imposição como mistério divino, insondável e tanto mais profundo quando mais absurdo. É sempre o mesmo procedimento: credo quia absurdum [creio porque é absurdo].
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Deus é um ser mágico que veio do nada, criou o universo e tortura eternamente aqueles que não acreditam nele, pois os ama.

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sábado, 10 de setembro de 2011

Burjuasí

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"O que mais confunde as fronteiras da classe burguesa é o fato de que ela sempre se move cercada por uma nuvem de servidores, parasitas, beleguins, déclassés e burcratas diversos, membros do aparelho de estado ou não, além de inúmeros trabalhadores normais, mas devotos da relação salarial, todos indispensáveis ao bom funcionamento da dominação burguesa."

Vito Letizia, "Apreender Marx. Uma leitura crítica de Compreender Marx de Denis Collin" (Petrópolis, Vozes, 2008)
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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Dez argumentos imbatíveis contra o casamento gay

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1. Casamento gay é antinatural, e as pessoas de bem sempre rejeitaram coisas artificiais como novelas, óculos de sol e chiclete.

2. Legalizar casamento gay abre portas para todo tipo de comportamento bizarro; por exemplo, as pessoas podem querer casar com seus animais de estimação, já que um cão tem legitimidade legal para assinar contratos de casamento.

3. O casamento gay encoraja pessoas a serem gays, assim como a influência dos portadores de necessidades especiais faz de você um paraplégico.

4. O correto, natural e tradicional casamento hetero vem atravessando séculos sem sofrer mudanças: as mulheres ainda são propriedade, negros ainda não podem se casar com brancos, o divórcio ainda é ilegal.

5. O casamento hetero será menos importante se o casamento gay for permitido; por exemplo, a santidade do sagrado matrimônio entre Carola e Chiquinho, Britney e Jason, Fábio e Patrícia, Ronaldo e Daniella, Michael e Lisa Marie, Stephany e Alexandre seria destruída.

6. Casamento hetero gera filhos; casais gays, inférteis e pessoas velhas não devem casar porque nossos orfanatos não estão cheios o suficiente – o mundo precisa de mais crianças.

7. Pais gays criarão, obviamente, filhos gays, já que pais heterossexuais só criam filhos heterossexuais.

8. O casamento gay não é aprovado pela religião, e em uma teocracia como a nossa os valores de uma religião são impostos a todos e em todo o país - razão pela qual temos apenas uma religião no Brasil.

9. As crianças nunca serão bem sucedidas sem os modelos do macho e da fêmea dentro de casa; é por isso que nós, como sociedade, proibimos expressamente pais ou mães solteiras de criar seus filhos.

10. O casamento gay vai mudar a base da sociedade de tal modo que jamais nos adaptaríamos às novas normas sociais, assim como não nos adaptamos aos avanços científicos, à tecnologia, à democracia e ao aumento da expectativa de vida.

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Cartoons daqui e daqui.
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Enciclopédia da Vida 2.0

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Enciclopédia da Vida lança versão 2.0 com 700 mil páginas

Mais de 700 mil páginas com informações científicas vão integrar a versão online 2.0 da Enciclopédia da Vida, que amplia seu conteúdo gratuito na rede a partir desta terça-feira. A intenção, segundo o site 20 Minutos, é deixar a obra ao alcance de todos e assim conscientizar as pessoas sobre a conservação das espécies.

O projeto é patrocinado pelo Instituto Smithsonian, de Washington, e contou com a expertise de cientistas em 176 centros de pesquisa. "Este foi o maior esforço para reunir informações sobre todas as espécies em um único lugar", afirmou Erick Mata, diretor executivo da EOL (sigla em inglês), ao jornal espanhol - que classifica o acervo como uma "Wikipédia da vida animal e vegetal".

A versão 2.0 do projeto tem 20 vezes mais dados do que no primeiro lançamento, em 2008. E a intenção, segundo Mata, é que o site chegue a 1,9 milhão de páginas: uma para cada espécie conhecida pela ciência. O diretor executivo da Enciclopédia da Vida destaca que a nova edição da obra permite a troca de informações entre cidadãos, cientistas, pesquisadores e ecologistas, o que "dá ao público uma nova forma de aprender" e explorar "a complexidade dinâmica da biodiversidade".

A nova página tem uma coleção de imagens e vídeos com mais de 600 mil links, disponibilizados também gratuitamente. Mas o destaque da versão 2.0 da EOL, segundo Mata, é a possibilidade de criação de grupos de pesquisa colaborativos. "Se alguém no Equador ou na Costa Rica está interessado em observação de aves, pode criar uma comunidade e a ela podem unir-se pessoas com o mesmo interesse", explica. É possível, ainda, criar coleções de imagens e vídeos, e compartilhá-las com outros usuários.

A enciclopédia online também permite que sejam publicados estudos, que passam pela revisão de cientistas e recebem um selo informando a veracidade das informações. Dados não confirmados também aparecem no site, mas sem o selo. O material disponível inclui, por fim, 35 milhões de documentos digitalizados, entre os quais se destacam os 330 volumes da biblioteca de Charles Darwin, considerado o pai da teoria evolutiva.

Na nova versão, a Enciclopédia da Vida passa a estar disponível em outros dois idiomas, Espanhol e Árabe, além do inglês.

http://www.eol.org/

(com informações do Terra Notícias)
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