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Hoje, 22 de maio, é Dia Internacional da Biodiversidade. Biodiversidade é um conceito ecológico que representa o conjunto de toda a variedade e variabilidade de organismos vivos, desde faunas e floras até microrganismos, compreendendo ainda a complexidade de genes de cada espécie, a diversidade de espécies de cada população natural, e a diversidade de interações entre as espécies nos ecossistemas, diversos também. A data foi escolhida pela Organização das Nações Unidas – ONU em função da aprovação, em 22 de maio de 1992, do texto final da Convenção da Diversidade Biológica (Convention of Biological Diversity).
(Breve parêntese: a Convenção da Diversidade Biológica possui 193 signatários, dos quais 168 já a ratificaram, inclusive o Brasil, país com uma das maiores biodiversidades do mundo – mas, também, segundo o MMA, com uma lista de 627 espécies reconhecidamente ameaçadas de extição.)
O objetivo do Dia Internacional da Biodiversidade é despertar ou intensificar a consciência, individual ou coletiva, sobre a necessidade da preservação das espécies e de seus habitat naturais. Apesar do relativo desinteresse de alguns governos – e absoluta insensibilidade de muitas corporações – iniciativas desta natureza vêm produzindo resultados positivos. Ao menos entre a maioria das pessoas, sobretudo entre os mais jovens, já é notável a mudança de paradigma com relação ao respeito à natureza. Para comprovar isso, basta lembrar o sucesso que fazia um estilingue há vinte, trinta anos ou mais, e o seu decorrente fracasso como objeto de desejo da molecada.
Também entre alguns intelectuais, acadêmicos e, em menor escala, políticos, especialmente aqueles de alguma forma vinculados às ciências naturais, a sensibilidade à causa é também digna de nota. Mas nem sempre foi assim. Nos tempos do estilingue e da arapuca, na “era de ouro” das monarquias que se precipitavam majestosas ao “nobre esporte” das caçadas (é certo que ainda há o anacronismo régio dos caçadores de raposas e elefantes), naqueles tempos em que o homem ainda se via como inexorável e absoluto senhor da natureza, naqueles mesmos dias, Sigmund Freud, no seu O Mal-estar na Civilização, escreveria o que se segue:
“(...) Percebemos o alto nível cultural de um país quando vemos que nele se cultiva e adequadamente se providencia tudo o que serve para a exploração da Terra pelo homem e para a proteção dele frente às forças da natureza; em suma, tudo o que lhe é proveitoso. Em tal país, os rios que ameaçam inundar as terras têm seus cursos regulados, e suas águas são conduzidas por canais até os lugares que delas necessitam. O solo é cuidadosamente trabalhado e plantado com a vegetação que lhe for apropriada, os tesouros minerais das profundezas são extraídos com diligência e usados na fabricação dos instrumentos e aparelhos necessitados. Os meios de transporte são abundantes, rápidos e confiáveis, os animais selvagens e perigosos se encontram exterminados, e prospera a criação daqueles domesticados.” (Sigmund Freud, O mal-estar na civilização, Penguin & Cia das Letras, página 37)
Pois bem, pense a respeito.
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