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Escher
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Entre o amor e a indiferença
Entre o ódio e a compaixão
Entre a incerteza e a crença
Entre fé e religião
Entre a saúde e a doença
Entre a frieza e a paixão
Entre o perdão e a ofensa
Entre a fuga e a prisão
Entre o pródigo e o avaro
Entre o Nietzsche e o Platão
Entre o ameno e o amaro
Entre o Apolo e o Plutão
Entre o repouso e a guerra
Entre a lei e a confusão
Entre o oceano e a terra
Entre a heroína e o vilão
Entre o sagrado e o profano
Entre o beato e o bufão
Entre o elevado e o mundano
Entre o contato e a aversão
Entre o azar e a sorte
Entre o ofício e o ócio
Entre o sudeste e o norte
Entre o feroz e o dócil
Entre o vivente e a morte
Entre o cruento e o clemente
Entre o indefeso e o forte
Entre o covarde e o valente
Entre o reto e o tortuoso
Entre o solene e o burlesco
Entre o manso e o belicoso
Entre o divino e o dantesco
Do dramático à comédia
Do patético ao discreto
Do satírico à tragédia
Do alegórico ao concreto
Do guerreiro ao pastoril
Do rústico ao citadino
Do rapineiro ao pueril
Do trêfego ao campesino
Da vã derrota à vitória
Da certeza ao pessimismo
Do velho mito à História
Da vanguarda ao classicismo
Da ordem ao belo caos
Do sonho à realidade
Dos justos aos ledos maus
Da fama à privacidade
Do equilíbrio à histeria
Do poeta ao histrião
Do silêncio à euforia
Do convício à exaltação
Da verdade à hipocrisia
Da soberba à humilhação
Da ecnéfia à calmaria
Da dor à satisfação
Do reles vício à virtude
Da ciência à execução
Do fácil à vicissitude
Da opulência à servidão
Do liberto ao cativo
Da dúvida à decisão
Do detido ao fugitivo
Do domínio à escravidão
Desde a fútil sapiência
À plena Iluminação
Desde a estúpida demência
À racionável Razão
Da tola unanimidade
À audaciosa opinião
Desde a falsa caridade
Á verdadeira ação
Desde a vil inconseqüência
À viril ponderação
Desde a fácil negligência
À difícil aplicação
Da fútil frivolidade
Até a circunspecção
Da séria sinceridade
Até a dissimulação
Desde o nobre celibato
À reles concupiscência
Do intangível abstrato
À concreta existência
Da galga mediocridade
Até o fecundo talento
Da superficialidade
Até o profundo acalento
Desde o inefável prazer
Ao imenso sofrimento
Da intensa dor de ser
Ao inenarrável contento
Da morna tranqüilidade
Ao corte frio da navalha
Da inevitável vaidade
À inexorável mortalha
Da espúria sujeição
À bravia rebelião
Da fúria capitalista
À utopia socialista
Do neoclássico Arcadismo
Ao hodierno Modernismo
Da parnasiana eufonia
À romântica alogia
Da borda do precipício
Ao sublime sacrifício
Da horda devastadora
À índole construtora
Da bulhenta multidão
À silente solidão
Da preguiçosa indolência
À engenhosa ciência
Do inexorável infinito
Ao limitado restrito
Do imponderável universo
Ao malogrado reverso
Da sintônica harmonia
À semântica anarquia
Da estóica complacência
À heróica resistência
Da fogueira primordial
Às escórias do final
Do fato da criação
Ao ato de destruição
Do alvissareiro calor
Ao derradeiro estertor
Da primeira luz do dia
À infalível agonia...
...aí eu estou
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