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Em tempos de pós-modernidade, comemora-se a revolução digital como um importante marco da História da Civilização. Decerto é, não se pode negar. Os avanços tecnológicos dos últimos cinquenta anos modificaram a configuração do Planeta. A informação flui com o tempo real, o acesso ao conhecimento se permite pelo tanger de uma falange... para alguns (fora dos limites do pronome, repousa multidão de excluídos).
As fronteiras da comunicação há muito se romperam graças ao advento dos recursos da tecnologia da informação. Internet, celular, TV interativa, smartphone, uma panaceia de novas ferramentas que reduziram distâncias físicas a intervalo de milisegundo.
Os benefícios são imensos, sem dúvida.
Mas, o paradoxo de um mundo desigual, de multidões cada vez maiores de excluídos, suscetíveis à guerra, à fome, à peste e sujeitos ao jogo do poder, isso também é colossal.
O abismo criado entre as castas da comemorada aldeia global é cada vez mais profundo. Mas é também cada vez mais estreito: elas, as castas, se observam...
De um lado, recende o perfume da opulência; do outro lado, trescala o fedor da miséria. E cada lado percebe o odor do outro. As castas se observam... graças à tecnologia da informação.
De um lado, recende o perfume da opulência; do outro lado, trescala o fedor da miséria. E cada lado percebe o odor do outro. As castas se observam... graças à tecnologia da informação.
Todavia, assiste-se a tudo impassível, imperturbável ante a desgraça alheia, impávido ante o poder total. Como se tudo fosse inevitável, imutável. Atribui-se ao destino a responsabilidade de reservar aos privilegiados e aos desvalidos fortunas antagônicas, a despeito de se tratarem todos de seres humanos, todos malhados na mesma forja.
Diferente do passado, quando a nobreza se ocultava nos palácios e não ouvia o clamor da plebe faminta, hoje os antagonistas se veem face a face, olhos nos olhos... E essa Bastilha virtual, esses muros cibernéticos de um Versalhes binário, talvez não consigam conter a fúria da turba. E quando a hora chegar do romper da Revolução...
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Imagens daqui
2 comentários:
Belíssimo texto. Irretocável. Tão forte e pungente quanto a imagem que o ilustra.
Perfeito♥
Então fui bem-sucedido, porque a intensão era a pungência.
Bgd, Preta. ♥
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