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Um quarentão divorciado, escravo do trabalho e um tanto frustrado, enfrenta suas crises: a bela e jovem namorada exige mais atenção e comprometimento; a ex-mulher cobra mais atenção à filha pré-adolescente que, por sua vez, se afasta dele e se aproxima do namorado da mãe; o negócio do charmoso restaurante herdado do pai até que vai mais ou menos, mas consome todo seu tempo e energia; o pai nostálgico e romântico meteu na cabeça a ideia de se casar na igreja com a própria esposa depois de 44 anos de união; a mãe, mulher outrora forte e espirituosa, é portadora do Mal de Alzheimer e está internada em um asilo.
Inesperadamente, aparece um amigo de infância que ele não vê há décadas. Sujeito do tipo frustrado e solitário, mas engraçado e boa gente, o tal amigo (pensa que) se apaixona pela namorada de Rafael (esse é o nome do quarentão). Namorada que, a propósito, está há um passo de deixá-lo, não por falta de amor, mas por falta. Pra completar, um ataque cardíaco o deixa no hospital por quinze dias e o faz repensar a vida. O nosso herói mergulha então no próprio umbigo... E se acha o pobre-coitado que ninguém entende, e se julga o empreendedor malsucedido que vive à sombra do pai, e reclamar ser homem cheio de responsabilidades que trabalha muito e ninguém reconhece...
A namorada apeia, o amigo se afasta, o restaurante é vendido, o pai está triste, a filha distante, a mãe doente... Ele, como todo homem, é um menino, e como todo menino, quer ser mimado, quer alguém pra pegá-lo no colo, mas não enxerga mais ninguém além de si próprio. Entretanto, com o talento de alguns e a ajuda de todos, sobretudo dele mesmo, tudo isso vai mudar...
Trivial? Banal? Boa receita para um filminho interessante? Pode ser em alguns casos, mas em “O filho da noiva” (Argentina, 2001) a viagem segue para muito além do trivial, do banal, do meramente interessante...
“O filho da noiva” é um filme sensível e engraçado, que leva à lágrima espontânea pela emoção sem clichês e provoca o riso fácil pelo humor delicioso, sem recursos apelativos. A direção de Juan José Campanella é justa e limpa, a atuação de Ricardo Darín é impecável, o roteiro, plenamente verossímil e embora dramático, escapa do melodrama barato e piegas. É daquelas histórias sob medida para as pessoas que gostam de filmes bem feitos e ao mesmo tempo emocionantes, que levam da lágrima ao riso, e vice-versa, num estalar de dedos. Se você é dessas pessoas, e ainda não assistiu, recomendamos.
A propósito, devida menção seja feita ao cinema argentino dessa última década. Renascido das cinzas, revigorado apesar das crises e que tais, sua beleza e qualidade técnica se atestam por joias como O filho da noiva, Nove rainhas, Plata quemada, O segredo dos seus olhos e O pântano; e, ainda a conferir: O abraço partido, Kamchatka e Cinzas do Paraíso. Mais sugestões?
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O filme é realmente lindo, Nêgo, eu adorei também. E seu texto ficou "ótemo".
ResponderExcluirVamos conferir os outros em breve.
♥
Valeu, Nêga. E vamos sim, em breve.
ResponderExcluir♥
ADORO ESSE FILME! Adoro os filmes argentinos ... muito boa lembrança!
ResponderExcluirAbraço
Ca
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ResponderExcluirNé não, Camila? Belo fime, e beleza de cinema, esse argentino (dá até uma invejazinha...).
Se você tem algo mais pra indicar, diz aí pra gente?
Até
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