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Esses hermanos não param de surpreender...
Quer no campo dos direitos humanos e civis (punição dos generais da ditadura; união civil entre homossexuais integralmente reconhecida) quer na área da cultura (recente proposta do governo de instituir pagamento de pensão a escritores) eles nos surpreendem.
Inveja santa deles...
Menos no futebol, claro!
Com o cinema argentino não é diferente (escrevi aqui sobre). Agora, a deliciosa surpresa é Valentin, do diretor Alejandro Agresti - que, a propósito, está filmando Dictablanda (sugestivo, não?..), lançamento previsto para 2012.
Em sua simplicidade, Valentin é um filme belíssimo! Comovente, do primeiro ao último instante.
O pequeno pibe Valentin (interpretado, aliás, por um garoto que... ah, você verá!) narra eventos da sua vida cotidiana sob a sua percepção de menino perceptívo e espirituoso, mas solitário. Às vezes trágica, às vezes cômica, mas sempre sensível, a narrativa se constrói andante mosso, como o encadear de pequenas peças de pura poesia.
Todo o filme é pródigo de situações memoráveis, quer pela beleza estética, quer pela carga de emoção. Numa dessas passagens o tio leva o garoto à missa. O celebrante é um padre jovem e progressista, por isso mesmo admirado por uns, criticado por outros. Durante o sermão, o sacerdote faz referência a um então recente episódio político muito relevante para a América Latina. Apesar de ligeiramente à margem da comovente história de Valentin, é o trecho que escolho para transcrever aqui:
Hoje, eu quero falar sobre a morte de um homem. Um médico argentino, de Córdoba. Um jovem de uma família respeitável, que se dedicou ao estudo das doenças e de suas curas. Doenças físicas, sofrimentos da carne, como aliviá-los, como combatê-los e como preveni-los.Este jovem médico poderia ter ficado em sua cidade natal. Poderia ter tido uma vida digna, com o respeito das pessoas e todo o conforto. Em outras palavras, uma vida sem muitas dificuldades.Ele provavelmente se casaria e teria filhos. E seria capaz de proporcionar a eles tudo de bom. Ele poderia ter desfrutado disso, poderia vê-los crescer e ir para a universidade, como ele próprio fez, para depois desempenhar um papel útil na sociedade.Mas não.O nome desse rapaz era Ernesto "Che" Guevara.Poucos dias atrás, ele foi brutalmente assassinado nas selvas da Bolívia, porque não era suficiente para ele apenas viver em paz... E seguir o caminho fácil que a vida havia lhe concedido (neste momento, algumas pessoas se levantam para deixar a igreja).Estou falando de um ser humano normal que acreditava em um ideal, acreditava que a injustiça pode ser derrotada (outros se levantam).Por favor, não saiam! Não saiam, pelo menos antes que vocês tenham perguntado a si mesmos, com toda a sinceridade:Quem de vocês daria, não toda sua vida, mas apenas um ano... Ou mesmo apenas um dia, por um ideal, o propósito pelo qual Che deu tudo o que tinha?...
(tradução livre do blog)
Pois bem, esse foi um aperitivo. A história do pequeno Valentin tem muito mais. O blog recomenda; e garante que, pelo menos a maioria, ela conduzirá do riso ao choro, ou vice-versa, ou a uma mistura de ambos, no breve intervalo de vinte e quatro quadros...
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Oi Marcelo,
ResponderExcluireu assisti este filme faz um tempinho com uma amiga cinéfila! E chorei e i muito com o pequeno Valentin, suas peripécias para fazer o amigo namorar com a namorada do pai, para fazer com que o médico medicasse a avó sem que ela fosse até o consultório, poruqe ela sempre se negava e porque ela era a única coisa que ele tinha. Chorei demais imaginando os 12 passos do hall da casa pelo qual a mãe nunca passara.
E chorei agora relendo o sermão do padre...
Gostei do relato.
beijo
Excelente post, Nego, excelnte. O filme não merecia menos.
ResponderExcluirNós sabemos o quanto eu chorei (mais que ri)nesse filme delicado, sensível e cruel.
♥♥
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ResponderExcluirLéli, o guri é do balacobaco!
E este cinema argentino é um exemplo de qualidade na simplicidade. Recomendo os filmes do Campanella (link na postagem), outro grande diretor argentino.
Obrigado pela visita, um abraço.
-x-x-x-x-
Preta, bora ver mais! Sair na captura de outros filmes do Agresti - se forem metade do que este é, já vale.
Beijo, ♥
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Gostei, Marcello, gostei mesmo, vou procurar assistir.
ResponderExcluirAbrax
Roy
Assista, sim, Roy. Não é menos que uma obra de arte.
ResponderExcluirBom te ver por aqui
abraço.