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Saulo, por Rembrandt
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Deus não tem culpa de nada. Ele sequer existe.
Parafraseio Stendhal para apontar o principal e original culpado pelas ações praticadas pela cristandade contra o gênero humano nos últimos dezessete séculos.
E, não, não é Jesus.
Talvez pudesse ser o Cristo, mas não Jesus. O Jesus histórico (desde que de fato existira) é o verdadeiro revolucionário; o Cristo bíblico é o “pilantra” (antes de se escandalizar, leia trecho do editorial abaixo). E quem inventou esse Cristo é o primeiro culpado; seu nome, Saulo de Tarso, depois Paulo.
Bem a propósito deste despretensioso e servidiço corolário, Mino Carta escreve em Editorial de Carta Capital desta semana (nº 591, 14 de abril):
Galoparam os séculos, mas a Igreja é, ainda e sempre, tragicamente anacrônica.
Philip Pullman, escritor inglês dos bons, escreveu um livro intitulado The Good Man Jesus and the Scoundrel Christ, O Bom Jesus e o Pilantra Cristo. Há quem diga que se trata de obra blasfema. Em compensação a crítica Charlotte Higgins do The Guardian define o livro como “fascinante, de prosa próxima daquela dos irmãos Grimm”, enquanto o arcebispo da Canterbury, Rowan Williams, primaz anglicano, afirma: “Texto emocionante, marcado por uma genuína espiritualidade”.
O título expõe o propósito: diferenciar Jesus, “verdadeiro revolucionário”, do Cristo de quem a Igreja se apossou, depois de Paulo de Tarso ter inventado um salvador filho de Deus. Paulo, militar como Ignacio de Loyola, general do exército da Contrarreforma. Clara está a revolução de Jesus, pregador da igualdade em um mundo profundamente desigual. Os outros dois eram talhados para a guerra.
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Não deixo de me assombrar com o poder dessa instituição.
ResponderExcluirNão se pode negar a inteligência de quem a criou, o binômio culpa/redenção funciona que é uma beleza.
♥
Estavam na hora certa, no lugar certo. A história e o acaso fizeram o resto.
ResponderExcluir♥