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Diferente de tudo que vi em quase quarenta cinéfilos anos, “Três macacos” (Üç Maymun, Turquia, 2008) eviscera-se numa estética da feiúra – abandonando o eufemismo do título, o filme é feio, sem viço, umas vezes grotesco, outras com vestígios kitsch... Mas é também surpreendente, intensamente hipnótico, desconcertantemente pesado.
É, quanto ao mais, pura arte.
É, quanto ao mais, pura arte.
A obra possui dinâmica própria; o recurso do plano-sequência é ora privilegiado sob a forma de cenas longas e silenciosas, ora subvertido numa fragmentação perturbadora. Detalhes factuais são desimportantes, quando não absolutamente ignorados. O desespero e a solidão se estampam tanto nos sobrecenhos pesados, e nas marcas profundas das rugas, e nas expressões leitosas de cada olhar, quanto no céu carregado da última cena, arauto de tenebrosa tempestade...
E um céu tempestuoso pode ser surpreendentemente belo...
E um céu tempestuoso pode ser surpreendentemente belo...
Sem dúvida o desespero e a solidão estão estampados o tempo todo nesse filme. Um retrato duro de uma família turca às voltas com seus problemas e suas idiossincrasias (rá! fazia tempo que não usava essa palavra).
ResponderExcluirbj
Nessas viagens pelo cinema 'estrangeiro' tem hora que a gente acerta, né? Este, acho que foi um belo acerto. Um bj.
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