terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Biondi e Ribeiro Jr.: os números e as tripas da privataria



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Para quem já leu, está lendo ou pretende ler o maior sucesso editorial dos últimos tempos: A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. (Geração Editorial, 2011), o blog recomenda a leitura de O Brasil Privatizado: um balanço do desmonte do Estado (FPA, 2003), do saudoso Aloysio Biondi (1936-2000). Enquanto A Privataria Tucana se propõe a expor as vísceras de uma administração corrupta que se prestou ao enriquecimento privado pelo vilipêndio do bem público, desvendando, especialmente, os esquemas de lavagem do dinheiro sujo, O Brasil Privatizado é um verdadeiro tratado sobre as origens deste mesmo cabedal.

Pouco antes da sua morte, em julho de 2000, munido da coragem e respaldado pela integridade que sempre nortearam seu exercício profissional, Biondi publica seu livro-denúncia. Trata-se do fruto de um trabalho sério, obsessivo e exaustivo de coleta e análise de dados, sobretudo numéricos, referentes às privatizações neoliberais levadas a cabo pelo sociólogo, então presidente da República, senhor Cardoso. Mais de uma década depois, Aloysio Biondi se mantém leitura obrigatória para os interessados em compreender esse período obscuro da história recente do país. Com as duas obras em mãos, tem-se o acesso irrestrito aos “quandos” e “comos” o patrimônio do povo brasileiro fora escandalosamente rapinado, bem como às identidades dos agentes da rapina: uma corja de facínoras a executar a sinistra sinfonia da corrupção sob a batuta do pior presidente que este país já teve o desgosto de estar sob o desmando.

São duas obras de grande relevância, mas que não contam com a simpatia dos grandes veículos de (des)informação. É imperativo, portanto, que sejam exaustivamente divulgadas – como, aliás, tem acontecido – pelas via dos blogs e sites, aqueles independentes e progressistas. Desse modo se poderá franquear a um número cada vez maior de cidadãos e cidadãs a devida compreensão sobre essa página infeliz da nossa história. E, quem sabe, revisá-la, tanto com a reversão das ilegalidades praticadas, quanto com a interpelação dos responsáveis. Compartilha deste – talvez ingênuo – arroubo de confiança nas instituições, o próprio Ribeiro Jr., como confessa no epílogo da sua obra:
“(...) o país e suas instituições não têm o direito de continuar fazendo de conta que não viram a rapinagem organizada que devastou os bens do Estado nos anos 1990 e começo da década seguinte. E que serviu para deixar os ricos mais ricos. (...) Varrer a sujeira para debaixo do tapete, como se fez tantas vezes, não é mais possível. (...) Quem for inocente, que seja inocentado, quem for culpado que expie sua culpa.” (pag. 339)
O Brasil Privatizado, de Aloysio Biondi, pode ser encontrado na íntegra, sob a licença Creative Commons 2.5 Brasil, no site do Projeto O Brasil de Aloysio Biondi, mantido pela Fundação Perseu Abramo (link na guia “Leituras”, à direita). Se preferir, eis a obra completa, em PDF:

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