domingo, 8 de maio de 2011

Analogia dos opostos

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Escher
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Entre o amor e a indiferença
Entre o ódio e a compaixão
Entre a incerteza e a crença
Entre fé e religião

Entre a saúde e a doença
Entre a frieza e a paixão
Entre o perdão e a ofensa
Entre a fuga e a prisão

Entre o pródigo e o avaro
Entre o Nietzsche e o Platão
Entre o ameno e o amaro
Entre o Apolo e o Plutão

Entre o repouso e a guerra
Entre a lei e a confusão
Entre o oceano e a terra
Entre a heroína e o vilão

Entre o sagrado e o profano
Entre o beato e o bufão
Entre o elevado e o mundano
Entre o contato e a aversão

Entre o azar e a sorte
Entre o ofício e o ócio
Entre o sudeste e o norte
Entre o feroz e o dócil

Entre o vivente e a morte
Entre o cruento e o clemente
Entre o indefeso e o forte
Entre o covarde e o valente

Entre o reto e o tortuoso
Entre o solene e o burlesco
Entre o manso e o belicoso
Entre o divino e o dantesco

Do dramático à comédia
Do patético ao discreto
Do satírico à tragédia
Do alegórico ao concreto

Do guerreiro ao pastoril
Do rústico ao citadino
Do rapineiro ao pueril
Do trêfego ao campesino

Da vã derrota à vitória
Da certeza ao pessimismo
Do velho mito à História
Da vanguarda ao classicismo

Da ordem ao belo caos
Do sonho à realidade
Dos justos aos ledos maus
Da fama à privacidade

Do equilíbrio à histeria
Do poeta ao histrião
Do silêncio à euforia
Do convício à exaltação

Da verdade à hipocrisia
Da soberba à humilhação
Da ecnéfia à calmaria
Da dor à satisfação

Do reles vício à virtude
Da ciência à execução
Do fácil à vicissitude
Da opulência à servidão

Do liberto ao cativo
Da dúvida à decisão
Do detido ao fugitivo
Do domínio à escravidão

Desde a fútil sapiência
À plena Iluminação
Desde a estúpida demência
À racionável Razão

Da tola unanimidade
À audaciosa opinião
Desde a falsa caridade
Á verdadeira ação

Desde a vil inconseqüência
À viril ponderação
Desde a fácil negligência
À difícil aplicação

Da fútil frivolidade
Até a circunspecção
Da séria sinceridade
Até a dissimulação

Desde o nobre celibato
À reles concupiscência
Do intangível abstrato
À concreta existência

Da galga mediocridade
Até o fecundo talento
Da superficialidade
Até o profundo acalento

Desde o inefável prazer
Ao imenso sofrimento
Da intensa dor de ser
Ao inenarrável contento

Da morna tranqüilidade
Ao corte frio da navalha
Da inevitável vaidade
À inexorável mortalha

Da espúria sujeição
À bravia rebelião
Da fúria capitalista
À utopia socialista

Do neoclássico Arcadismo
Ao hodierno Modernismo
Da parnasiana eufonia
À romântica alogia

Da borda do precipício
Ao sublime sacrifício
Da horda devastadora
À índole construtora

Da bulhenta multidão
À silente solidão
Da preguiçosa indolência
À engenhosa ciência

Do inexorável infinito
Ao limitado restrito
Do imponderável universo
Ao malogrado reverso

Da sintônica harmonia
À semântica anarquia
Da estóica complacência
À heróica resistência

Da fogueira primordial
Às escórias do final
Do fato da criação
Ao ato de destruição

Do alvissareiro calor
Ao derradeiro estertor
Da primeira luz do dia
À infalível agonia...

...aí eu estou
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