segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Filosofada

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quero falar de um sujeito que conheci
eu que, como ninguém, fruiu fugaz do seu intenso e raro existir, vou agora consigná-lo aqui
era mais ou menos assim, esse sujeito...

manifestava o desconserto dialético de Sócrates / na Ágora de cascalho e pó conflitava minhas inconvictas certezas

possuía a estóica autoridade de Zenão / sob uma stoa de estuque abrandava flexível a minha frouxa rigidez

como Descartes, proclamava racional o seu Cogito / nas coordenadas imprecisas da razão questionava o meu ser empírico

como um Kant hodierno indutivo e dedutivo sintetizava os todos Ideais / com idealismo puro criticava a minha razão impura

inquietava-se humanista como Bruno / no Fiori a sua paz era a minha inquietude, se nele eu me via em negativo

possuía o olhar amargo de Nietzsche / com a expressão de louca alegria só outorgada aos sábios loucos inspirava-me super-homem

narrava com profundos olhos de Kafka inefáveis absurdos pesadelos / a sua quimera era a minha frágil realidade

contava o seu desassossego como incontáveis Pessôas de vastos heterônimos / eu me percebia restrito ao meu único eu

a angústia de Augusto estampava a sua face / simultâneo ocultava no âmago o êxtase de Agostinho...

pois, deveras...

encerrava em si a Clássica contemplação, o logos Socrático, o ideal Platônico, a Peripatética diversidade, o rigor Estóico, a virtude Cínica
...abraçava o tudo com os braços do nada

acolhia em harmônico conflito a tradição Escolástica e a revolução Racional
...o caos pacificava em caótica harmonia

fruía humanista fragmentos de Petrarca a Erasmo, de Rabelais a Calvino, de Morus a Marx
...semeava pedaços e colhia o todo

ia de Hegel a Engels, de Berkeley a Husserl, mãos dadas a Epicuro e Leibniz, à destra, e a Platão e Kant, à sestra, ele duplo ambidestro
...sonhava vida e existia sonho

existia, mas não era - precedia à própria existência; meu Kierkegaard, eu Nietzsche, meu Camus, eu Sartre, meu Russel
...eu paradoxo de mim

mas quem era, afinal, esse sujeito?!...


um Zaratustra moderno, uma terrena expressão do Supremo Cósmico, o Buda reencarnado?
decerto não, sequer os conhecia

um Patriarca, um Profeta, um Santo?
ora, Não!

um cético Iluminado, um inocente Iniciado, um puro Abençoado?
não que ele soubesse

um letrado, um acadêmico, um doutor em filosofia?
nunca os fora


este sujeito de quem falei, ele era todos... e nenhum, ao mesmo tempo
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5 comentários:

Vais disse...

Esse sujeito tem caras de maluco e deve de ser gente boa
abração, Marcello

Vais disse...

FELIZ 2011!!!!!!!!!!!

Marcello disse...

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Vais, maluco com certeza. Gente boa, depende da hora.

E bora lá que 2011 tá chegando! (lá pra março a gente deslancha, hehe)

Baita ano bom procê e um abraço
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Anônimo disse...

Marcello eu nem sei o que você escreveu mais sei que está incrível porque você que escreveu eu te amo . saudades. e espero te ver com a minha mãe logo logo e você e o melhor beijos "carolzissima"

Marcello disse...

Valeu, Carolzíssima, adorei seu comentário!
Saudades de vc também e felizaço pelo carinho.

E ó, cá ente nós, nem eu entendi direito esse negócio que eu escrevi... hehe

O próximo post eu acho que você vai gostar mais. É meio longo, tem umas palavrinhas difíceis (dicionário na mão), mas com tantinho de paciência...

Beijão e até... Domingooo!